1. Economia exportadora
O açúcar
Ao contrário dos espanhóis, os portugueses não encontraram, logo de inicio, minas de metais preciosos, mas a cana-de-açúcar tornou se uma alternativa bastante lucrativa para a ocupação econômica da terra.
A cana de açúcar é originária da índia, e o açúcar já era conhecido dos antigos gregos e romanos, que o denominavam de "sal índico". O açúcar permaneceu pouco conhecido no Ocidente até a Idade Média. Na época das Cruzadas, foi introduzido na Europa e chegou a ser produzido, embora em pequena escala, na Sicília (sul da Itália). Os venezianos, que importavam o açúcar da índia, eram os principais distribuidores na Europa. Porém, devido à raridade e ao elevado preço, o açúcar era vendido em pequenas quantidades.
A grande revolução no mercado açucareiro ocorreu com a produção das ilhas do Atlântico. Trazida da Sicília, a cana foi introduzida na ilha da Madeira em meados do século XV. De lá, a cana foi levada para o arquipélago dos Açores, mas o seu cultivo não teve muito sucesso. Na ilha de São Tome, a introdução da cultura canavieira (por volta de 1493) acompanhou a ocupação portuguesa, o mesmo ocorrendo no arquipélago de Cabo Verde. Na época em que a economia açucareira estava sendo implantada no Brasil (1530 em diante), a produção das ilhas portuguesas do Atlântico Ia estava em plena decadência.
A grande propriedade
Desde a instalação das capitanias hereditárias, os donatários eram obrigados a distribuir terras para promover o povoamento. Dava se o nome de sesmarias às terras assim distribuídas. Ao sesmeiro (nome de quem recebia a sesmaria) cabia a propriedade plena da terra, com a isenção de qualquer vínculo de dependência pessoal. Assim, o fato de receber uma sesmaria não convertia ninguém em vassalo de um donatário, como era comum no regime feudal.
Era dever de o sesmeiro ocupar efetivamente a terra e fazê-la produzir no prazo máximo de cinco anos. O não cumprimento dessa cláusula acarretava multa e, em caso extremo, a perda da sesmaria. Por isso, a sesmaria era concedida apenas àqueles que comprovassem dispor de recursos suficientes para tornar a terra produtiva. Os sesmeiro que lograram êxito transformaram se na camada dominante dos "homens bons" do período colonial.
De acordo com Antonil um Jesuíta que viveu no Brasil de 1681 a 1716, havia dois tipos de engenho: os engenhos reais, movidos a água, e os trapiches, que utilizavam tração animal (cavalos e bois). Portanto, engenho era a denominação do equipamento utilizado na produção do açúcar. Com o tempo, a palavra tornou se sinônimo de agroindústria açucareira, englobando a própria propriedade fundiária.
Nesse sentido, chamava se engenho o complexo integrado por casa grande, senzala, casa do engenho e capela, além das plantações.
A casa grande era a residência do senhor de engenho e a senzala era a habitação dos escravos. Havia ainda casas que abrigavam os trabalhadores livres do engenho, como o feitor. Um engenho de porte médio contava com 50 escravos; nos grandes, a cifra subia para algumas centenas, o que poderia exigir mais de uma construção para abrigá-los. Da população do engenho também faziam parte os "agregados", homens livres e pobres que viviam sob as ordens do senhor.
Muitos engenhos possuíam destilarias, onde se produzia aguardente usada no escambo de escravos na África. Alguns existiam exclusivamente para esse fim: as engenhocas ou molinetes, de proporções menores e menos dispendiosas.
As terras do engenho eram formadas por canaviais, pastagens e áreas dedicadas ao cultivo de alimentos. A parte destinada ao cultivo da cana era subdividida em grandes áreas de plantio chamadas "partidos", que podiam ser explorados ou não pelo proprietário.
No segundo caso, as terras eram cedidas aos lavradores, que tinham a obrigação de moer sua produção no engenho do proprietário. Eram as chamadas "fazendas obrigadas", nas quais o lavrador recebia apenas a metade da sua produção em açúcar e ainda pagava o aluguel pela utilização da terra.
Existiam também lavradores livres, proprietários de suas próprias terras que moíam a cana em qualquer engenho, ao preço de deixar nas mãos do senhor de engenho a metade do açúcar produzido.
Os lavradores livres e os de fazendas obrigadas não eram camponeses, mas senhores de terras e donos de escravos e, como tais, pertenciam à camada dominante da sociedade, ainda que em posição inferior a um proprietário de moenda. Se os negócios prosperassem, poderiam tornar se donos de uma.
É importante notar que a agricultura canavieira tinha um caráter extensivo: o crescimento se dava pela incorporação de novas terras de cultivo e não pela melhoria técnica.
O tabaco
No início do século XVII, uma outra cultura estava se desenvolvendo na Bahia: a do tabaco. De origem indígena, o produto ganhou consumidores também na Europa.
Inicialmente, o tabaco era cultivado em áreas reduzidas, com mão de obra familiar. A partir do final do século XVII, passou a ser cultivado em maior escala, com mão de obra escrava, por produtores que também eram senhores de engenho e criadores de gado. No século XVIII, o tabaco chegou a ocupar o segundo lugar nas exportações de produtos agrícolas para a Europa. Mas grande parte da produção destinava se a servir de moeda de troca no tráfico de escravos na África. Com isso, até o fim do tráfico, no século XIX, as lavouras de tabaco cresceram na mesma medida em que crescia a demanda pela mão de obra escrava.
Além da Bahia, o tabaco era cultivado em Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
2. Economia de subsistência
A produção de alimentos
Ao lado da produção voltada para a troca externa, desenvolveu se também a economia de subsistência na colônia.
Desde a chegada dos primeiros povoadores, a preocupação com mantimentos foi uma constante do governo português. De início, os povoadores estimularam os indígenas a produzir alimentos, que eram trocados por produtos europeus. Essa é a origem da popularização, entre os portugueses, do consumo da mandioca, um dos principais alimentos da época colonial.
Por esse motivo, não tardou para que surgissem lavouras dedicadas à produção de gêneros alimentícios, com fins puramente comerciais. O cultivo era realiza do em pequenas unidades, onde o proprietário e sua família trabalhavam, às vezes, com apenas alguns escravos.
A pecuária
A pecuária foi um setor bastante expressivo, ligado à subsistência. A sua origem remonta ao governo de Tomé de Sousa, que trouxe algumas cabeças de gado e continuou a importá-las de Cabo Verde. Primitivamente, o gado era utilizado como força de tração nos trapiches e no transporte de lenha para os fornos e de caixas de açúcar até os locais de embarque. Com o gradual aumento do rebanho, o gado começou a ser utilizado também como fornecedor de couro (cuja utilidade era variada) e como fonte de alimentação.
No inicio, o gado era criado no próprio engenho. Com a multiplicação do rebanho, o senhor de engenho foi obrigado a separar o gado do canavial e, na etapa seguinte, a pecuária tornou se uma atividade independente do engenho. Os criadores penetraram no sertão em busca de pasto. Saindo da Bahia e de Pernambuco, seguindo sempre as margens dos rios, o gado tomou duas direções: uma delas para o sul, pelo rio São Francisco, em direção a Minas Gerais; a outra para o norte, através de vários rios, atingindo o Maranhão.
A atividade criatória teve assim importantes conseqüências para a colônia, ao estimular a penetração no sertão nordestino, interiorizando o processo colonizador.
Em razão da alta especialização da economia açucareira, surgiram com o tempo unidades de produção voltadas para o cultivo de mantimentos.
A atividade criatória nasceu ligada à economia açucareira, mas tornou se um ramo especializado, vinculado ao abastecimento. Foi importante fator de interiorização da colônia.
De grande ajuda, obrigada!
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